Neurociências: Consumo e Dependência de Substâncias Psicoativas

Resultado de imagem para drogas Atualmente existem novos conhecimentos das neurociências sobre o consumo e a dependência de substâncias psicoativas (ou farmacodependências).

As neurociências englobam todas as funções do sistema nervoso, especialmente as do cérebro onde as substâncias psicoativas têm a capacidade de alterar a consciência, a disposição e os pensamentos.

Pode-se comprovar a explosão de conhecimentos em neurociências das últimas décadas, que transformou a nossa compreensão do mecanismo de ação das substâncias psicoativas, e forneceu novos conhecimentos sobre as razões que levam muitas pessoas a consumir tais substâncias e levam outras a fazê-lo de maneira a causar dano a si próprio ou a se tornar dependentes.
Este relatório tornou-se necessário devido aos progressos atingidos pela pesquisa em neurociências, que mostraram ser a farmacodependência um transtorno crônico, recorrente, comum a base biológica e genética, e não uma simples falta de vontade ou de desejo de se libertar. Existem tratamentos e intervenções eficazes para as farmacodependências que implicam intervenções tanto farmacológicas como comportamentais.


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Critérios de dependência de substâncias segundo a CID-10

 Presença de três ou mais dos seguintes sintomas em qualquer momento durante o ano anterior:
1) Um desejo forte ou compulsivo para consumir a substância;
2) Dificuldades para controlar o comportamento de consumo de substância em termos de início, fim ou níveis de consumo;
3) Estado de abstinência fisiológica quando o consumo é suspenso ou reduzido, evidenciado por: síndrome de abstinência característica; ou consumo da mesma substância (ou outra muito semelhante) com a intenção de aliviar ou evitar sintomas de abstinência;
4) Evidência de tolerância, segundo a qual há a necessidade de doses crescentes da substância psicoativa para obter-se os efeitos anteriormente produzidos com doses inferiores;
5) Abandono progressivo de outros prazeres ou interesses devido ao consumo de substâncias psicoativas, aumento do tempo empregado em conseguir ou consumir a substância ou recuperar-se dos seus efeitos;
6) Persistência no consumo de substâncias apesar de provas evidentes de consequências manifestamente prejudiciais, tais como lesões hepáticas causadas por consumo excessivo de álcool, humor deprimido consequente a um grande consumo de substâncias, ou perturbação das funções cognitivas relacionada com a substância. Devem fazer-se esforços para determinar se o consumidor estava realmente, ou poderia estar consciente da natureza e da gravidade do dano.


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Psicofarmacologia da dependência de diferentes classes de substâncias

As substâncias psicoativas mais comuns podem ser divididas em depressores (por exemplo, álcool, sedativos/hipnóticos, solventes voláteis), estimulantes (por exemplo, nicotina, cocaína, anfetaminas, ecstasy), opióides (por exemplo, morfina e heroína) e alucinógenos (por exemplo, PCP, LSD, canábis).
As diferentes substâncias psicoativas têm maneiras diferentes de agir no cérebro para produzir os seus efeitos. Liga-se a tipos diferentes de receptores, e podem aumentar ou diminuir a atividade dos neurônios graças a vários mecanismos diferentes.


Tipos de Tratamento Resultado de imagem para drogas tratamento

Além do tratamento farmacológico, empregam-se terapias comportamentais para tratar as farmacodependências. É interessante relacionar estas terapias com os processos de aprendizagem, que foram discutidos em relação aos efeitos das substâncias psicoativas no cérebro.
Terapias de motivação e cognitivas foram concebidas para agir nos mesmos processos de motivação no cérebro que são afetados por substâncias psicoativas. Tais terapias procuram substituir a motivação para o consumo de substâncias pela motivação para envolver-se em outros comportamentos. Note-se que estas terapias se apoiam nos mesmos princípios de aprendizagem e motivação que são utilizados para descrever o desenvolvimento da dependência.
Resultado de imagem para drogas psicologia tratamentoPor exemplo, o condicionamento utiliza os princípios de reforço positivo e punição para controlar o comportamento. As terapias cognitivo-comportamentais e a prevenção de recaídas ajudam as pessoas a desenvolver novas associações de estímulo-resposta que não implicam consumo de substâncias nem desejo intenso.
Estes princípios são utilizados numa tentativa para desaprender o comportamento relacionado com dependência e aprender respostas mais adaptadas. Assim, os mecanismos neurobiológicos implicados no desenvolvimento da dependência são semelhantes aos implicados na aprendizagem da maneira de supera-la.

Fonte: Neurociências: consumo e dependência de substâncias psicoativas. Organização Mundial da Saúde 2004

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