Cocaína e o crack apreendidos em SP chegam a ter 80% de misturas

Os traficantes estão matando os viciados de uma forma ainda mais rápida do que se 
imaginava, misturando ácido de bateria, medicamentos e até veneno para matar barata




O Jornal Nacional apresentou o resultado assustador da análise de drogas que foram apreendidas pela polícia no interior paulista.

O que o repórter João Carlos Borda mostra é que os traficantes estão matando os viciados de uma forma ainda mais rápida do que se imaginava.

Eles não mostram o rosto, mas o drama que vivem é conhecido. São dependentes de drogas. Um rapaz usou cocaína durante cinco anos e agora procurou ajuda porque passou a sofrer ainda mais com o efeito das misturas.

“Você nem sabe o que tem ali. Pode ter veneno, muitas coisas diferentes que cada vez mais destroem o seu psicológico, destroem a sua autoestima, destroem o seu corpo".

"Nós temos informação precisa de ocorrência de mortes em consequência desses produtos que foram adicionados", afirma Erickson Furtado, coordenador do programa antidrogas da USP/RP.

A mistura se tornou tão corriqueira no comércio ilegal das drogas, que ganhou um nome entre os usuários: "cocaína virada".

"Nós temos pacientes que chegaram aqui com efeitos muito parecidos de substâncias de medicamentos psicotrópicos. Mais deprimidos, às vezes com tentativa de suicídio e até em surtos psicóticos. Nós não sabemos com que quantidade e que tipo de substância nós estamos lidando", explica a psiquiatra Cristina Taveira.

Só em laboratórios os peritos conseguem identificar os produtos que foram adicionados à cocaína. Em pequenas amostras, foram encontradas entre 15 e 20 substâncias diferentes como ácido de bateria, medicamentos e até veneno para matar barata.

As análises feitas no Instituto de Criminalística de Campinas revelaram que a cocaína e o crack apreendidos nas ruas pela polícia chegam a ter 80% de misturas como sabão em pó, acetona, bicarbonato, fermento, ácido bórico e até massa de pão de queijo.

Esses produtos são usados para aumentar o volume da droga e, para simular os efeitos, os traficantes ainda adicionam remédios de uso controlado, inibidores de apetite e altas doses de cafeína, que servem de estimulante.

"No caso dos anestésicos, lidocaína, o usuário pode não perceber bem um infarto do miocárdio", disse Erickson Furtado.

"O cálculo que se tem da Organização Mundial de Saúde é que os usuários desse tipo de drogas não têm mais do que cinco anos de vida”, alerta Julieta Ueta, professora de farmácia da USP.

Quem luta para abandonar o vício, reconhece o perigo que está enfrentando e sabe por que tudo isso acontece. "O traficante quer ganhar o seu dinheiro. Então quanto mais ele fizer render aquela porção, mais ele vai ganhar dinheiro".

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