PROJETO DE MONOGRAFIA APRESENTADO PELAS PSICÓLOGAS "ALESSANDRA SOUZA E FABRÍCIA REIS"


A INFLUÊNCIA DA INTERNET NA VIDA DOS ADOLESCENTES

Alessandra da Silva Souza*
Fabrícia Vieira dos Reis*
Omar de Azevedo Ferreira**

_______________________________________________________________________________
* Alunas do 10° período cuja monografia foi apresentada ao curso de Psicologia da F.H.S, da
Universidade Vale do Rio Doce UNIVALE, como requisito para aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso.
** Professor e orientador de TCC das referidas alunas.


RESUMO

Esta pesquisa discute a influência da Internet na vida do adolescente e suas implicações no ambiente familiar, escolar e nas demais relações de importância para ele. Os capítulos apresentados mostram o conceito de Internet, que é a principal das novas tecnologias de informação e comunicação, a definição de adolescência e seu relacionamento com a Internet, onde apresentamos as salas de Bate-papo, Jogos On-Line e a ocorrência do bullying e ciberbullying no ciberespaço. Não se trata, portanto, de um espaço físico, mas de um espaço imaginário onde circulam os dados gerados pelas novas tecnologias de comunicação. O adolescente moderno convive num novo espaço virtual no qual ele é capaz de interagir e sofrer interação. O grupo familiar acompanha essas transformações e percebem as mudanças que ocorrem nas relações escolares. É importante destacar que o mundo virtual está intrinsecamente ligado ao mundo real, sendo necessário um olhar diferenciado por parte do profissional da psicologia, que surge nesse cenário como agente promotor de saúde na vida desses adolescentes para auxiliar pais e filhos a compreenderem melhor de que forma eles adquirem conhecimento, como interagem no seu próprio mundo real e qual a importância e impacto destes fatores para o seu desenvolvimento, buscando assim perceber melhor essa interação cada vez maior do adolescente com o mundo virtual para questionar como se dá essa influência em suas vidas.
Palavras-chave: Internet. Adolescentes. Relações Virtuais.

ABSTRAT

This research argues the influence of the Internet in the life of the adolescent and its implications in the familiar, pertaining to school environment and in the too much relations of importance for it. The presented chapters show the concept of Internet, that is main of the new technologies of information and communication, the definition of adolescence and its relationship with the Internet, where present the rooms of Chat, On-Line Games and the occurrence of bullying and ciberbullying in ciberespaço. If it does not treat, therefore, of a physical space, but of an imaginary space where they circulate the data generated for the new technologies of communication. The modern adolescent coexists in a new virtual space in which it is capable to interact and to suffer interaction. The familiar group folloies these transformations and perceives the changes that occur in the pertaining to school relations. It is important to detach that the virtual world is intrinsically on to the real world, being necessary a look differentiated on the part of the professional of the psychology, that appears in this scene as promotional agent of health in the life of these adolescents to assist parents and children more good to understand of that he forms they acquire knowledge, as its proper real world and which interact in the importance and impact of these factors for its development, thus searching to perceive this interaction more good each time greater of the adolescent with the virtual world for questioning as if of the this influence in its lives.

KeyWords: Internet. Adolescents. Virtual relations.


INTRODUÇÃO

Esta pesquisa discute a influência da Internet na vida do adolescente e suas implicações nas relações familiares, escolares e demais relações de importância para ele. Assistimos diariamente ao avanço das tecnologias de comunicação e informação com um novo idioma que domina o mundo inteiro - em nossas casas, no espaço corporativo e nas relações sociais. Sendo a linguagem do computador assim como dos internautas, cheia de especificidades e o melhor exemplo do acelerado avanço da tecnologia que mobiliza milhões de pessoas.

A Internet é um instrumento a serviço do progresso social e humano, e os adolescentes que já vivem uma etapa de transformações características de sua idade são instigados a se inserir num mundo virtual cada vez mais convidativo e inovador.

Não é mais possível ignorar as rápidas transformações sociais que vêm ocorrendo na atualidade. Tais transformações vêm certamente influenciando as subjetividades, e vice-versa, numa constante relação dialética aberta para o futuro. Com a revolução no mundo dos computadores e das comunicações, a Internet cada vez mais se mostra como um mecanismo de informação e interação dos seus usuários.

As duas últimas décadas produziram uma revolução sem precedentes, com inovações que mudaram hábitos, impuseram novos padrões nas relações entre as pessoas, famílias, escolas, cidadãos e especialmente jovens e adolescentes em fase escolar. A adolescência é um momento muito criativo pelas transformações que ocorrem nesse período. O pensamento formal conquistado nessa etapa dá à pessoa a oportunidade de raciocinar sobre hipóteses elaborando conclusões a partir delas, além de serem reveladas a capacidade de simbolização e pensamento abstrato.

A partir do final da década de 90 pesquisadores tem focado sua atenção no comportamento dos “navegadores” ou “internautas” (usuários de serviços da Internet), e em suas conseqüências para o conceito de identidade, buscando entender a repercussão no uso que os internautas fazem dos canais de comunicação online. Nesse novo contexto virtual os primeiros estágios da comunicação tornaram-se anônimos e “afísicos”. As amizades não são mais necessariamente locais, e as pessoas não são mais abordadas por serem bonitas, se vestirem bem ou exibirem sinais de riqueza. As aparências e o dinheiro tornaram-se pouco importantes, pelo menos para um contato inicial. As pessoas se relacionam umas com as outras através do que elas dizem
ser, ou do que podem ser. Com essa postura pode ocorrer grande perigo no que diz respeito à experimentação de identidades via Internet, onde existem possibilidades de haver falhas na integração dos „eus‟ online e offline.

A família é referência fundamental, seus valores e os papéis que desempenham são bases significativas de orientação para o adolescente. Embora a escola e a família sejam contextos diferentes e ofereçam experiências educativas diversas, o aluno/filho é a mesma pessoa e necessita de alguns critérios estáveis, que serão os que poderá interiorizar para regular a sua própria vida de maneira autônoma. Os pais e professores podem atuar em conjunto para que informações e trocas de experiências ocorram em prol do desenvolvimento do adolescente e assim possibilite uma melhor percepção sobre o comportamento dos mesmos frente à nova tecnologia. A evolução da Internet se realiza em um momento em que a sociedade sofre intensas e rápidas transformações, um conjunto de rupturas de uma série de paradigmas (idéias, valores morais e estéticos, processos de pensamento etc.) que podem ser considerados na Pós-modernidade.

É importante destacar que o mundo virtual está intrinsecamente ligado ao mundo real, sendo necessário assim um olhar diferenciado por parte do profissional da psicologia.
Essa pesquisa se justifica pelo fato da adolescência ser o período onde ocorrem diversas mudanças sociais, emocionais, cognitivas e biológicas na vida do adolescente, o que pode levar a uma preocupação dos pais e professores quanto ao desempenho do aluno em sala de aula, assim como a interação com os colegas e com a família em geral. Um aspecto motivacional para o desenvolvimento dessa pesquisa se dá em perceber como o uso da Internet na fase da adolescência pode ser um transformador e modificador no desenvolvimento da identidade do mesmo nessa contemporaneidade.

O adolescente moderno convive num novo espaço virtual no qual ele é capaz de interagir e sofrer interação, o que mostra a relevância dessa problemática, uma vez que, a Internet se coloca a serviço do progresso social e humano, a mesma pode possibilitar discussões sobre as transformações geradas nos indivíduos através desse novo contato virtual. Buscando perceber melhor essa interação cada vez maior do adolescente com a Internet, podemos questionar como se dá a influência da internet na vida dos adolescentes?

A pesquisa traz como proposta as considerações dos aspectos que envolvem o processo adolescente e o impacto causado na família, escola e nos espaços grupais diversos, que por sua vez ocorrem pelo uso da Internet através dos diversos elementos de interação disponíveis no meio virtual, o desafio hoje, é a interpretação do mundo em que vivemos, já que as nossas relações estão carregadas da presença da mídia, assim busca-se como objetivo geral avaliar a relação dos adolescentes – Internet e de que forma essa interação influencia em suas relações no cotidiano.

Os objetivos específicos buscam: definir o que é Internet; definir conceito de adolescência; analisar o tema Adolescência e seu relacionamento com a Internet; identificar as formas de interação do adolescente através de sala de bate-papo, jogos on-line, entre outros; explicar o Ciberbullying e suas inferências no ciberespaço; perceber como a influência da Internet altera o comportamento do adolescente na escola e na família; especificar o campo de atuação da psicologia como agente promotor de saúde frente a essas interações que são produzidas através do meio virtual.

O estudo segue uma abordagem qualitativa de revisão bibliográfica com a finalidade de explorar os conhecimentos de diversos autores sobre as características de adolescentes em relação ao uso do computador e suas interações com a família e a escola. O delineamento dessa pesquisa também visa perceber como a identidade do adolescente nessa contemporaneidade pode ser passível de transformações e modificações causadas pelo uso da Internet.
O primeiro capítulo traz o conceito de Internet, que é uma nova tecnologia de informação e comunicação.

O segundo capítulo remete-se à definição de adolescência e seu relacionamento com a Internet. Nesse contexto, veremos sobre Sala de Bate-papo, Jogos On-Line, entre outros, que são as formas mais comuns de acesso aos jovens. Veremos o que ocorre com os adolescentes expostos ao ciberbullying - ocorrência do bullying no ciberespaço. O grupo familiar, por conseguinte, acompanha essas transformações, mas mesmo assim é difícil encontramos nos adolescentes de hoje uma continuidade com as experiências adolescentes dos pais. Mudanças ocorrem também nas relações escolares, pois ela não oportuniza apenas a relação com o saber como uma atividade eminentemente grupal, mas tem também funções de socialização.

O terceiro capítulo retrata como o psicólogo surge nesse cenário como agente promotor de saúde na vida desses adolescentes atuando de forma efetiva na comunidade podendo assim, auxiliar pais e filhos a compreenderem melhor de que forma os adolescentes devem acessar a Internet, como interagem no seu próprio mundo e qual a importância e impacto destes fatores para o seu desenvolvimento.

Percebe-se que através das conseqüências manifestadas pelos adolescentes no que se refere às mudanças no modo de vida pelo uso da nova ferramenta, (Internet) existem aspectos importantes a serem abordados pelo profissional da psicologia para que a interação com o mundo virtual e o ambiente real ocorra de forma equilibrada, com o apoio e supervisão da família, uma vez que a Internet muitas vezes pode servir como um espelho, até mesmo uma ferramenta, que ajuda as pessoas na sua busca pelo „eu‟ (self), e isso acontece porque a Internet permite às pessoas explorar facetas de suas personalidades que têm expressão limitada na vida presencial (offline), especialmente devido às restrições do contato social.

CONCEITO DE INTERNET

Internet é um sistema de informação global que é logicamente ligado por um endereço único baseado no Internet Protocol (IP) ele é capaz de suportar comunicações usando o Transmission Control Protocol/Internet Protocol (Protocolo de Controle de Transmissão/Protocolo de Internet) - (TCP/IP) ou suas subseqüentes extensões, e outros protocolos compatíveis ao IP; ainda provê, usa ou torna acessível, tanto publicamente como privadamente, serviços de mais alto nível produzidos através desta infra-estrutura descrita.

Um protocolo define o formato e a ordem das mensagens trocadas entre duas ou mais entidades comunicantes, bem como as ações realizadas na transmissão e/ou no recebimento de uma mensagem ou outro evento. (KUROSE e ROSS, 2006, p. 7)

Os sistemas finais, os comutadores de pacotes e outras peças da Internet executam protocolos que controlam o envio e o recebimento de informações dentro da Internet. O TCP/IP são dois dos protocolos mais importantes da Internet. O protocolo IP especifica o formato dos pacotes que são enviados e recebidos entre roteadores e sistemas finais (KUROSE e ROSS, 2006).

A internet pública é uma rede de computadores, isto é, uma rede que interconecta milhões de equipamentos de computação em todo o mundo. (KUROSE e ROSS, 2006).
Ela é considerada como um conglomerado de redes em escala mundial de milhões de computadores interligados que permite o acesso a informações e todo tipo de transferência de dados. A Internet é uma nova tecnologia de informação e comunicação (NTICs).

A rede mundial de computadores possibilita alguns métodos de acesso doméstico à Internet como o discado ou banda larga por cabos, rádio, acesso dedicado (central de atendimento telefônico), sem fio (Wi-Fi), por satélite ou por telefones celulares 3G . Pode-se encontar também locais públicos para acesso como bibliotecas e cyber cafés, nos quais computadores conectados são disponibilizados para uso temporário, além de aeroportos que podem ser acessíveis por meio de rede sem fio, como um laptop (WIKIPÉDIA, a).

A Internet pública é a rede a que normalmente nos referimos como a Internet. Também há muitas redes privadas, tais como redes corporativas e governamentais, cujos hospedeiros não podem trocar mensagens com hospedeiros que estão fora da rede privada (a menos que as mensagens passem por dispositivos denominados firewalls, que restringem o fluxo de mensagens para dentro e para fora da rede). Essas redes privadas são freqüentemente denominadas intranets, pois usam o mesmo tipo de hospedeiros, roteadores, enlaces e protocolos da Internet pública. (KUROSE e ROSS, 2006).

No início da década de 1990, entrou em cena uma nova forma de acesso importantíssima – a World Wide Web [Berners-Lee, 1994]. A Web é a aplicação da Internet que chamou a atenção do público em geral. Ela transformou drasticamente a maneira como pessoas interagem dentro e fora de seus ambientes de trabalho. Alçou a Internet de apenas mais uma entre muitas redes de dados para, essencialmente, a única rede de dados. (KUROSE e ROSS, 2006).

A Internet que conhecemos hoje, que proporciona interatividade global, como arcabouço de redes interligadas de computadores e seus conteúdos multimídia, foi possível através da contribuição do cientista Tim Berners-Lee e ao CERN, Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire - Centro Europeu de Pesquisas Nucleares, que criaram a “World Wide Web” hoje popularmente conhecida como WWW.

Segundo Kurose e Ross, (2006), a Internet é mais uma tecnologia de comunicação eletrônica que causou um grande impacto social. O correio eletrônico e a Web, duas das aplicações mais populares, revolucionaram o modo como vivemos e trabalhamos:
O que mais atraia a maioria dos usuários da Web é que ela funciona por demanda. Usuários recebem o que querem, quando querem, o que é diferente da transmissão de rádio e de televisão, que força o usuário a sintonizar quando o provedor disponibiliza o conteúdo. (p.68).

A Internet tem revolucionado o mundo dos computadores e das comunicações como nenhuma invenção foi capaz de fazer antes, ela se mostra como um mecanismo de disseminação de informação e divulgação mundial, além de ser um meio para colaboração e interação entre indivíduos e seus computadores, independentemente de suas localizações geográficas.
E, cada vez mais, a Web oferece um menu de interfaces para vastas quantidades de material de vídeo e áudio armazenadas na Internet – áudio e vídeo que podem ser acessados por demanda. (KUROSE e ROSS, 2006). Vários setores podem ser contemplados com pesquisas voltadas para o governo, a indústria e o meio acadêmico que já tem sido parceiros na evolução e uso desta excitante nova tecnologia que atualmente é usada diariamente por milhões de pessoas.

O acesso à rede mundial de computadores pode oferecer diversos serviços aos usuários. Um serviço pioneiro da internet foi o envio de mensagens através do correio eletrônico, o conhecido “e-mail” que ainda é muito importante na comunicação corporativa e individual.
O correio eletrônico existe desde o início da Internet. Era uma das aplicações mais populares quando ela ainda estava na infância, ficou mais e mais elaborado e poderoso ao longo dos anos e continua em evolução. Até agora, é uma das aplicações mais importantes e de maior sucesso da Internet. (SEGALLER, 1998 apud KUROSE e ROSS, 2006, p.84).
Tal como o correio normal, o e-mail é um meio de comunicação assíncrono – as pessoas enviam e recebem mensagens quando for conveniente para elas, sem ter de estar coordenadas com o horário das outras pessoas. Ao contrário do correio normal, que anda a passos lentos, o correio eletrônico é rápido, fácil de distribuir e barato. (KUROSE e ROSS, 2006).

O chat, rede social e mensageiro instantâneo são tecnologias que também utilizam a Internet como meio de troca de idéias e colaboração. A tecnologia não depende totalmente da internet, pois mesmo e-mails internos de uma empresa podem circular limitados a um servidor interno. A partir do momento que a mensagem é enviada entre dois servidores fora de uma mesma rede interna, faz-se uso da Internet como meio de transmissão. Através de páginas web classificadas, milhares de pessoas possuem acesso instantâneo a uma vasta gama de informação online.

Comparado às enciclopédias e bibliotecas tradicionais, a WWW permitiu uma extrema descentralização da informação e dados, o que levou a uma popularização de tecnologias onde através do acesso pode-se contemplar os conteúdos (WIKIPÉDIA, a). O compartilhamento de arquivos é uma das formas mais utilizadas por diversas pessoas através da Internet. Ele pode ser carregado em um servidor Web ou disponibilizado em um servidor File Transfer Protocol (FTP) Protocolo de Transferência de Arquivos, e é uma forma bastante rápida e versátil de transferir arquivos “também conhecidos como ficheiros”. A Internet permite que utilizadores de computadores conectem outros computadores facilmente, mesmo estando em localidades distantes no mundo. Esse acesso remoto pode ser feito de forma segura, com autenticação e criptografia de dados, se necessário. O baixo custo e grande facilidade tornaram o trabalho colaborativo e o compartilhamento de idéias pela Internet mais fácil. As transmissões de áudio e vídeo também podem ser transmitidas em tempo real. Com a popularização de webcams, é possível para qualquer pessoa tornar-se um fornecedor de conteúdo de áudio e vídeo pela Internet. A Internet vem se tornando uma fonte de lazer para os usuários, através de sites de humor, jogos, mensagens, vídeos engraçados, clipes musicais, animaçoes, dentre outros (WIKIPÉDIA, b).

A Internet permite que aplicações distribuídas que executam em seus sistemas finais troquem dados entre si. Entre essas aplicações estão a navegação na Web, mensagem instantânea, áudio e vídeo em tempo real, telefonia pela Internet, jogos distribuídos, compartilhamento de arquivos peer-to-peer (P2P), login remoto, correio eletrônico entre outros.
A Internet não provê um serviço que ofereça garantias quanto ao tempo que gastará para levar os dados da origem ao destino. E a menos que você aumente a taxa de transmissão do dispositivo de acesso a seu provedor de serviços de Internet, hoje não é possível pagar mais para obter um serviço melhor. (KUROSE e ROSS, 2006, p. 4).

“Vale enfatizar que a Web não é uma rede isolada, mas apenas uma das muitas aplicações distribuídas que utilizam os serviços de comunicação providos pela Internet” (KUROSE e ROSS, 2006, p. 4).


DEFINIÇÃO DE ADOLESCÊNCIA

O conceito de adolescência como fase da vida humana deu-se no início do século XX, com a publicação do livro do psicólogo Stanley Hall (1904) (MELLO, 2007). O autor propôs que a adolescência deveria ser encarada como uma fase da vida, perigosa, difícil de ser vivida e que por este motivo necessitava de proteção. Hall defendeu a necessidade da educação para além da infância, sendo um dos responsáveis pelo aumento desta obrigatoriedade nos tempos atuais. Este autor associou a adolescência com a parte fisiológica (puberdade), criando assim um parâmetro para definir o início desta fase que é o aparecimento dos caracteres biológicos.

Segundo Fiori (1982, p.17-21) Erik Erikson possui um trabalho peculiar sobre a adolescência. Ele parte das fases da evolução da libido descritas por Freud e as insere no contexto social, correspondendo a cada uma delas uma etapa de aquisição, definida pelo termo „crise psicossocial‟, a ser realizada pelo indivíduo em sua interação com o mundo. Assim, a adolescência é correspondente a Fase genital de Freud e a crise psicossocial relacionada a ela é a “identidade versus confusão de papéis. (MELLO, 2007, p.35).

De acordo com este modelo, a identidade se configura em três áreas básicas “a identidade sexual, a profissional e a ideológica”. Na primeira área, a segurança em assumir seu papel sexual é que dará ao sujeito as condições de estabelecer as filiações características das etapas da vida adulta. Na segunda, a partir da aquisição da identidade profissional, o indivíduo se sentirá um membro ativo e produtivo dentro de eu grupo social, “eu sou em grande parte aquilo que faço”, podendo ser um membro independente e co-participante na construção dos bens e da realização do mundo material. Com a definição da identidade profissional ele “poderá estar seguro não só do que é, mas do que continuará sendo”. A terceira área compreende a identidade ideológica, onde “o adolescente em permanente reconstrução interna, deve acompanhar a reconstrução do mundo e posicionar-se” (MELLO, 2007, p.35).

Para Erikson, a energia que permite as revoluções e as rupturas com os modelos que não mais servem provém do fervor da adolescência. Além das dificuldades características na resolução das três áreas da aquisição de identidade, o adolescente ainda corre o risco da “confusão de papéis”, que pode imobilizá-lo e ameaçar as suas escolhas identitárias. (MELLO, 2007, p. 35).

O autor, Erikson (1972), apud Deps e Souza (2006) ainda afirma que o adolescente é muito vulnerável à pressão externa no sentido de segui-la. Ora, se essa influência sobre o adolescente é forte, a influência dos pares será maior, haja vista que a experiência com pessoas próximas ou da mesma idade, contribui para o reforço de sua identidade.

Um dos aspectos da adolescência que também necessita ser analisado e que está ligado a forma como se relacionam socialmente, é a tendência a formação de grupos. Segundo Fiori, apud MELLO, 2007, p. 36, o grupo serve como um processo defensivo que o ajuda a configurar-se, já que normalmente nesta época o adolescente é muito inseguro. A uniformidade que o grupo lhe traz lhe atualiza a segurança de saber quem é também o ajuda a vivenciar, na prática, o exercício do bem e do mal.

Outro ponto de vista acerca do conceito de adolescência é o biológico e cultural. Aponta ainda para o fato de que nem todo o indivíduo que está na puberdade, obrigatoriamente está na adolescência (CALLIGARIS, 2000; FARIAS, 2005 apud MELLO, 2007).
Assim, a idade em que a infância termina legalmente é definida de forma primária (e crucial) em termos de „exclusão‟ das crianças [e adolescentes] de práticas definidas como propriamente adultas‟, sendo as mais óbvias o emprego remunerado, o sexo, o consumo de álcool e o voto. Em cada caso, as crianças são vistas como atingindo a maioridade numa idade diferente. (BUCKINGHAM, [sd], p. 13 apud MELLO, 2007, p. 37).

Existe certa confusão entre os termos adolescência e puberdade, mesmo entre os profissionais que trabalham nessa área. Para Outeiral (2008, p.3) “puberdade (de puber, pêlos) é um processo biológico que inicia, em nosso meio, entre 9 e 14 anos aproximadamente e se caracteriza pelo surgimento de uma atividade hormonal que desencadeia os chamados “caracteres sexuais secundários”.

Adolescente pouco tem haver com a idade da pessoa. O indivíduo não é adolescente porque está entre os 11 e os 17 ou 18 anos. A adolescência é acima de tudo uma maneira psicológica de se enfrentar a vida. As pessoas são adolescentes porque têm uma série de características psicológicas que nos permitem classificá-las desta maneira. A própria duração do período médio da adolescência varia historicamente: a duas ou três gerações, era dois ou três anos – dos 11 ou 12 até os 14 anos (...) atualmente (...) o período da adolescência [estende-se] até os 18, 19 e 20 anos (...) a adolescência é uma conquista social... (GAUDÊNCIO, 1980, p.8, apud ALMEIDA e PIMENTA, 2002, p.11).

Para que se possa ter ampla visão da adolescência como sendo este período privilegiado, faz-se necessário conceituá-la como um estágio de desenvolvimento psicossocial distinta da puberdade que é uma fase de transformação a nível orgânico. (ALMEIDA e PIMENTA, 2002).

Já a adolescência é basicamente um fenômeno psicológico e social. Esta maneira de compreendê-la nos traz importantes elementos de reflexão, pois sendo um processo psicossocial, a adolescência gera diferentes peculiaridades conforme o ambiente social, econômico e cultural em que o adolescente se desenvolve.

Segundo Outeiral (2008, p. 4): A palavra “adolescência” tem dupla origem etimológica e caracteriza muito bem as peculiaridades desta etapa da vida. Ela vem do latim ad (a, para) e olescer (crescer), significando a condição ou processo de crescimento, em resumo o indivíduo apto a crescer. Adolescência também deriva de adolescer, origem da palavra adoecer. Temos assim, nesta dupla origem etimológica, um elemento para pensar esta etapa da vida: aptidão para crescer (não apenas no sentido físico, mas também psíquico) e para adoecer (em termos de sofrimento emocional, com as transformações biológicas e mentais que operam nesta faixa da vida).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a adolescência como constituída em duas fases: a primeira, dos 10 aos 16 anos, e a segunda, dos 16 aos 20 anos. O Estatuto da Criança e do Adolescente situa esta etapa entre 12 e 18 anos. Outeiral (2008, p. 4).
Sendo a adolescência um processo psicossocial, ela estará na dependência dos aspectos sociais, econômicos e culturais da sociedade onde o adolescente se desenvolve.
A adolescência é uma etapa do desenvolvimento que é tanto visto como particularmente sensíveis a mudanças sociais como gerador dessas transformações.

Trata-se de um período no qual o indivíduo deve integrar suas experiências passadas às novas capacidades e habilidades emergentes, assim como as mudanças biológicas, cognitivas, emocionais e sociais na conquista de um senso de identidade. Nesse sentido, as interações sociais assumem grande importância na medida em que se constituem em um espaço de experimentação e reflexão para a construção de uma nova representação de si. (DIAS e LA TAILLE, 2006, p.5).

De acordo com Erikson (1972), apud Deps e Souza (2005, p. 8) “na adolescência, fase em que se encontra o sujeito de nossa pesquisa, a questão central gira em torno da identidade versus difusão”. Durante esse período, o desenvolvimento cognitivo proporciona ao adolescente uma forma de compreensão e de pensamento completamente nova. O sistema de pensamento que se inicia nesse período oferece ao adolescente novo mecanismo para dar significado a sua própria experiência, particularmente, ao que se refere à compreensão da sua identidade enquanto pessoa.

Adolescência e seu relacionamento com a Internet

O cotidiano nos permite constatar que, efetivamente, uma série de paradigmas e valores de nossa sociedade, circunstâncias que se mantiveram relativamente estáveis no decurso de várias gerações que nos antecederam, está sendo contestada, modificada e mesmo, substituída por outros muito diferentes.
Segundo Outeiral (2008), nos anos 70 a criança se tornava púbere e após adolescia; nos anos 80 puberdade e adolescência ocorriam concomitantemente e na última década (namoro, contestação etc.) em indivíduos ainda não púberes, antes dos 10 anos, com 7 ou 8 anos. Após várias gerações nas quais paradigmas e valores permaneciam estáveis temos, hoje, uma sociedade em mudança, com rápidas transformações, numa alteração, por vezes, frenética ou maníaca, em que a incerteza e a dúvida, a fragmentação e o falso, nas famílias e nas escolas, são evidentes.

A globalização, pela facilidade e rapidez dos meios de comunicação, cria desejos e uma lógica cultural própria dos países com um desenvolvimento capitalista avançado em crianças e adolescentes de um país que, como o nosso, nem ingressou plenamente na Modernidade (OUTEIRAL, 2008, p. 112).

Mesmo assim, é difícil encontrarmos nos adolescentes de hoje uma continuidade com as experiências adolescentes dos pais. O enunciado básico é de que o tempo das crianças e dos adolescentes hoje é muito mais rápido do que o tempo dos adultos. Knobel, (1974), apud Outeiral 2008, considera que o adolescente tem uma característica muito especial em sua relação com o tempo. Ele escreve:

Desde o ponto de vista da conduta observável é possível dizer que o adolescente vive com certa desconexão temporal: converte o tempo presente e ativo como uma maneira de manejá-lo. No tocante à sua expressão de conduta, o adolescente parece viver em processo primário com respeito ao temporal. As urgências são enormes e, às vezes, as postergações são irracionais. (KNOBEL, 1974, apud OUTEIRAL,2006, p. 117).

Os adolescentes vivem então em função de suas transformações psíquicas e este afastamento do tempo cronológico. A globalização fez, através das comunicações rápidas e mais fáceis, um tempo fast. Hoje qualquer acontecimento no mundo estará em nossas casas em tempo real, ou à noite teremos todos os fatos nos noticiários de televisão e informações adicionais pela Internet.
Os adolescentes convivem num novo espaço (virtual), com características especiais, surgido há pouco mais de 50 anos, muito recente, portanto: ele é capaz, de interagir. Pós-modernidade tem, inclusive, muito a ver com a relação e com o próprio início deste período do ciberespaço (LEVY, 1995, apud OUTEIRAL, 2008, p. 128).

Segundo Outeiral (2008), o mundo virtual não se opõe ao real, mas sim ao atual e desenvolve a tese de que o conceito de “virtual” se opõe ao conceito de dasein de Heidegger do ser-um-ser-humano ou, literalmente, ser-aí. O virtual se relaciona ao ser-lá, a “não-presença”, diferente do ser-aí. Se conversarmos com alguns professores, eles dirão que alguns adolescentes parecem não distinguir entre “imagem” e “realidade”. Esta situação revela não um problema com a verdade ou com o engano, mas entre a realidade como virtualidade, entre a realidade e a capacidade de experiência. Nada existe senão como imagem: uma pessoa é a sua imagem visual, não simbólica. O imaginário é um momento predominantemente narcísico, onde, como no mito, o indivíduo está preso, profundamente enamorado de sua própria imagem e não reconhece o Outro.

Para Outeiral (2008, p. 131) “a globalização não deve terminar com as diferenças, preservando as identidades. O avanço tecnológico que possui é fundamental para o progresso da cultura humana”.

O advento da cibernética possibilita ao adolescente uma experiência vital de extrema velocidade. A Internet, inevitavelmente se colocará a serviço do progresso social e humano e os adolescentes que estão nesse mundo são convidados a ser “metamorfose ambulante”.

Sala de Bate-papo

As salas de bate-papo é uma febre na sociedade, especialmente entre os jovens, adolescentes e crianças. E se trata de um instrumento que não faz restrições de pessoas e pode ser acessado por qualquer individuo. Pode-se dizer que somos propensos a aprender por condicionamento e por imitação.

Isso é o que parece acontecer com os interlocutores das salas de bate- papo. O internauta se adequa às regras do jogo dessas salas com a intenção de ser aceito nesse grupo social. Mesmo, inicialmente, desconhecendo a linguagem utilizada no Chat, o internauta, ao interagir, vai aprendendo as regras do jogo no próprio processo de comunicação. Bandura (1973) apud Deps e Souza, confirma: A maior parte do comportamento humano é aprendida pela observação através da modelagem. Ao interagir, o internauta vai sendo modelado com os princípios daquele grupo, ele vai sendo condicionado pelos seus interlocutores a utilizar a linguagem específica de Chat.

Caso não escreva de acordo com a norma vigente nesse tipo de situação comunicativa, ele é excluído da conversa (p. 1-2). A internet, através das salas de bate papo é vista por muitos como uma forma de ampliação das possibilidades de relacionamentos sociais, uma vez que ela permite aos usuários superar restrições geográficas e mesmo o isolamento social causado por preconceitos, doenças ou problemas de horários da vida cotidiana Berton (2000) apud Dias e La Taille (2006, p.3). Os ambientes virtuais possibilitam uma comunicação em anonimato, o que o exime de responsabilidades por seus atos e palavras, facilitando também o uso de mentiras e falta de ética. Alguns autores supõem que as salas de bate-papo, por possibilitarem o anonimato e o uso de criação de personagens, poderiam estar revolucionando o falar de si, as relações interpessoais e a própria identidade dos indivíduos. Turkle (1995) e Suller (2000), apud Dias e La Taille (2006, p.13) consideram que “a ausência de identificação e de contato físico possibilitaria a exploração do outro e de si próprio num ambiente de relativo controle e segurança”. A proteção oferecida pelo anonimato permitiria a experimentação de papéis e a realização virtual de fantasias que não seriam admissíveis ou possíveis para a maioria das pessoas na vida real de forma desinibida. É uma forma de expressar as fantasias, desejos e angústias mais facilmente, sendo esse um dos principais motivos que levam tantos adolescentes à procura desse tipo de encontro.

Jogos On-Line

Os jogos on-line são aqueles que praticados via Internet. O jogador pode usar um computador ou video game conectado à rede pode jogar com outros sem que ambos precisem estar no mesmo ambiente, sem sair de casa, podendo assim ter parceiros de jogos em outros lugares do país, ou até do mundo. Tudo em tempo real, como se o outro estivesse lado a lado, de forma que esta categoria de jogos abre novas perspectivas de diversão (WIKIPÉDIA, c). O aumento do interesse de crianças e adolescentes pelos jogos virtuais se deve a inúmeros fatores, que vão desde o fato desses jogos poderem ser usados nos intervalos de estudo até as novas possibilidades de acessos oferecidas pela Internet (SANTOS, 2009). Vários fóruns da Internet possuem sessões destinadas à jogos, vídeos com situações engraçadas e animações, assim como outra grande área refere-se aos jogos multi-jogadores, uma forma de lazer que cria comunidades de jogadores pelo mundo (WIKIPÉDIA, c).

Outro exemplo é o jogo de videogame bully: The Game que é um jogo de videogame em que o jogador progride praticando atos de bullying. Vê-se que as pessoas, para ganhar dinheiro, não pensam duas vezes em se aproveitar do sofrimento alheio. O Ministério Público do Rio Grande do Sul conseguiu barrar a importação para o mercado brasileiro (CALHAU, 2009, p.11).
As crianças ou os adolescentes podem transformar-se num personagem totalmente diferente do que é em sua vida real, projetando outra identidade, que lhe proporciona a idéia de força e poder, além de trabalharem com o estimulo da criatividade o que permite que eles criem ou recriem o ambiente onde as competições se realizam. Através dessa interação podem se encontrar fora da realidade e mergulhados num ambiente artificial, o que pode ser perigoso (SANTOS, 2009). Um dos fatores mais importantes para o aumento do uso dos jogos é a constante sensação de insegurança na qual a sociedade vive hoje. A insegurança faz com que os espaços sociais antes utilizados - como a praça, as brincadeiras de rua - sejam substituídos por ambientes que dão uma idéia falsa de segurança. Com a insegurança apresentada pela sociedade atual, e que não oferece espaços de lazer como há tempos atrás, e que espaços culturais e de lazer dirigidas às crianças e adolescentes são tão reduzidas, os jogos se apresentam como uma grande opção (SANTOS, 2009).

Bullying

Não existe uma tradução exata para a palavra. Bullying é um assédio moral, são atos de desprezar, denegrir, violentar, agredir, destruir a estrutura psíquica de outra pessoa sem motivação alguma e de forma repetida. Não se trata aqui de pequenas brincadeiras próprias da infância, mas de casos de violência física e/ou moral, em muitos casos do bullying escolar, elas podem ocorrer dentro de salas de aula, corredores, pátios de escolas ou até nos arredores. Elas são, na maioria das vezes, realizadas de forma repetitiva e com desequilíbrio de poder. Essas agressões morais ou até físicas podem causar danos psicológicos para a criança e o adolescente facilitando posteriormente a entrada dos mesmos no mundo do crime (CALHAU, 2009, p. 6,7).
Existem alguns critérios básicos, que foram estabelecidos pelo pesquisador Dan Olweus, da Universidade de Bergen, Noruega (1978 a 1993), para identificar as condutas de bullying e diferenciá-las de outras formas de violência e das brincadeiras próprias da idade. Os critérios estabelecidos são: ações repetitivas contra a mesma vítima num período prolongado de tempo; desequilíbrio de poder, o que dificulta a defesa da vítima; ausências de motivos que justifiquem os ataquem. Acrescentamos ainda que devem levar em consideração os sentimentos negativos mobilizados e as seqüelas emocionais, vivenciados pelas vítimas de bullying. (FANTE e PEDRA, 2008, apud CALHAU, 2009, p.7).

O bullying pode ocorrer tanto na direção horizontal - entre pessoas do mesmo nível, como estudantes - e na direção vertical - entre pessoas de níveis diferentes, como professores e alunos (CALHAU, 2009).

No livro Fenômeno Bullying, Fante (2005) apud Faustino (2008), define o bullying da seguinte forma: É o conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento (p.1).

Ainda segundo a autora, o bullying não é um crime, mas a manifestação de vários crimes. Quando há ocorrência de bullying, pode-se denunciar o agressor por calúnia e difamação, agressão física ou moral, danos à propriedade privada. O agressor responde então pelo(s) crime(s) cometido(s) e fica sujeito à penalização por reclusão e pagamento de indenizações. (FAUSTINO E OLIVEIRA, 2008). Duas classificações diferentes do bullying podem ser apresentadas: o bullying direto, mais utilizado por meninos, onde o ataque às vítimas se faz diretamente através de apelidos, agressões físicas, ameaças, roubos, ofensas verbais ou expressões e gestos que geram mal estar nos adolescentes. E o bullying indireto, adotado mais pelas meninas, onde as vítimas estão ausentes e compreende atitudes de indiferença, isolamento, difamação e negação aos desejos ( WAKSMAN [2006] ).

Existe uma cultura oculta da agressividade nas meninas na qual o bullying é epidêmico, característico e destrutivo. Não é marcado pelo comportamento físico e verbal direto, que é basicamente domínio dos meninos. A nossa cultura nega às meninas o acesso ao conflito aberto, e impõe à agressividade delas formas não físicas, indiretas, dissimuladas (CALHAU, 2009).
As meninas usam a maledicência, a exclusão, a fofoca, apelidos maldosos e manipulações para infligir sofrimento psicológico nas vítimas. Diferentemente dos meninos, que tendem a provocar e a praticar o bullying com conhecidos ou estranhos, as meninas, com freqüência, atacam dentro de um círculo bem fechado de amizades, tornando a agressão mais difícil de identificar e reforçando o dano causado às vitimas. Raquel Simmons chama esse conjunto de agressões das meninas de agressões alternativas (SIMMONS, 2004, apud CALHAU 2009, p.31,32).

Enquanto os meninos utilizam da força física, direta para suas agressões, as meninas, regra geral, usam artifícios, dentro de códigos de comunicação e símbolos em suas relações sociais (invisíveis aos incautos) para causar sofrimento nas vítimas. Ambas podem ser combinadas e são muito dolorosas para as vítimas, haja vista que são ataques reiterados.

Existe também o bullying por omissão, que pode ser produzido com atos de ignorar, “dar um gelo” ou isolar a vítima. Se provocados por um grupo de alunos numa sala de aula podem ser devastadores para a auto-estima de uma criança, por exemplo.
Em geral, o bullying praticado com omissão é mais afeto ao praticado por meninas e é bem sutil. É quase invisível. Se você analisar o ato isolado ele pode não significar nada, mas são como pequenas agressões, que pouco a pouco vão minando a integridade psicológica da vítima (CALHAU, 2009).

Ciberbullying

Segundo a definição de Lemos (1996) apud Faustino (2008, p. 2), o ciberespaço é “um espaço mágico, uma rede de inteligências coletivas, (...) o conjunto de redes de telecomunicações criadas com o processo digital das informações”.
Para Silva-Júnior [2008] apud Faustino e Oliveira (2008), não se trata, portanto, de um espaço físico, mas de um espaço imaginário onde circulam os dados gerados pelas novas tecnologias de comunicação. O ciberespaço pode existir através de telefonemas, ou através das formas que estão popularizando a cada dia, como sites, salas de bate-papo virtuais, comunicadores instantâneos, celulares, que funcionam como “janelas para o ciberespaço”

O ciberbullying é a ocorrência do bullying no ciberespaço e ocorre com a utilização de meio eletrônico como instrumento de agressão no bullying. É um dos desafios para as autoridades brasileiras (CALHAU, 2009).
Muitos avanços ocorreram nos últimos dois anos para a punição de seus realizadores, mas também é outra “epidemia”. Infelizmente, muitas pessoas estão sendo vítimas desse tipo de bullying, porque ele dá uma “falsa sensação” para o agressor de impunidade. Geralmente, o agressor não se identifica, ou quando o faz se utiliza de apelidos (nicknames) que dificultam a apuração da autoria dessas agressões (CALHAU, 2009, p.39).

O poder judiciário tem se mostrado atento com esse tema e tem autorizado, com a apresentação de provas iniciais adequadas (ex: impressão das páginas da internet com as agressões), a quebra do sigilo de dados dos envolvidos com o intuito de identificar a autoria dessas agressões. É um processo um pouco lento e cansativo, mas está sendo possível identificar os autores na grande maioria dos casos (CALHAU, 2009).
Outro fator triste é que, em grande número de casos, essas agressões são perpetradas por pessoas conhecidas, e, em alguns casos, até do círculo íntimo das vítimas, que o fazem de forma covarde, motivadas em grande número de casos por inveja. Algumas pessoas são vitimas de cyberbullying apenas por se destacarem em sua sala, trabalho ou meio social (CALHAU, 2009).

O ciberbullying apresenta-se através do uso da tecnologia da informação e comunicação através de e-mails, telefones celulares, mensagens por pagers, sites pessoais difamatórios, material publicado na internet como textos, fotos ou vídeo e conversas via comunicadores instantâneos, como o ICQ, MSN, IRC, Miranda, como recurso para a adoção de comportamentos deliberados, repetidos e hostis, de um indivíduo ou grupo, que pretende causar danos a outro. O site de relacionamento Orkut é um exemplo de um espaço que tem sido utilizado como forma dessa prática que pode ser feita através de mensagens ofensivas deixadas no perfil da vítima, como enviar-lhe mensagens pessoais, criar um falso perfil para a vítima ou criar uma comunidade (FAUSTINO E OLIVEIRA, 2008).

O cyberbullying pode ocorrer, ainda, com envio de “torpedos” por celulares (pré-pagos ou pós-pagos), uso de salas de bate-papo (chats), blogs, MSN, SKYPE, envio de e-mails etc. Em todos os casos aqui citados, após a produção mínima de prova, o Poder Judiciário determina a quebra do sigilo da origem das agressões (CALHAU, 2009, p.41,42).
Outra ação que também configura cyberbullying é o ato de “roubar a senha” de algum usuário e montar uma falsa comunidade no Orkut ou blog com o nome da vítima e com conteúdo difamatório. Após ter criado um perfil, um usuário pode interagir com outro através de mensagens ou scraps (recados que podem ser enviados de forma mais rápida que uma mensagem) e navegar através das diversas comunidades temáticas do site ou ainda criar sua(s) própria(s) comunidade(s) para interagir com usuários que compartilham do mesmo interesse. Assim como existem comunidades para elogiar alguém também existem comunidades com o único objetivo de ofender e ridicularizar uma pessoa, que pode ou não ser usuária do Orkut.

Conseqüências nas Relações Familiares e Escolares

Segundo Outeiral (2008, p.34) “a escola tem um significado primordial para o adolescente”. O aprendizado poderá ser prazeroso e propício ou haverá distúrbios de conduta ou aprendizagem, conforme o ambiente que ele vivencia. A escola não apenas traz a oportunidade de relação com o saber, tem também funções de socialização. O adolescente em busca de sua identidade encontra na escola um sistema de forças que atua sobre ele, no qual, entre outras coisas, reproduz o sistema social.

A escola tem responsabilidade significativa no desenvolvimento do adolescente. Uma vez que o seu papel de educadora não se restringe apenas aos aspectos relacionados com a transmissão do conhecimento científico organizado culturalmente. Vai além, pois é neste contexto que os adolescentes vivenciam processos de socialização, se reconhecem enquanto seres individuais passam a treinar suas habilidades para participar de situações sociais, sua capacidade de comunicarem-se, os papéis sexuais impostos socialmente e também à aquisição de conceitos relevantes para a construção de sua identidade pessoal – confiança, autonomia e iniciativa.
A escola é experiência organizadora central na vida da maioria dos adolescentes. Ela oferece oportunidades para adquirir informações, dominar novas habilidades aperfeiçoar habilidades já adquiridas; participar nos esportes, nas artes e em outras atividades; explorar as opções vocacionais; e estar com amigos. Ela amplia os horizontes intelectuais e sociais. Entretanto, alguns adolescentes vêem a escola não como uma oportunidade, mas como mais um obstáculo no caminho para a idade adulta. (PAPALIA & OLDS, 2000, p. 332, apud ALMEIDA e PIMENTA, 2002, p. 22).

Estes obstáculos, no âmbito escolar, podem estar relacionados ao modo pelo qual o adolescente vivenciou as fases escolares anteriores. Neste sentido, há de se ressaltar que vários aspectos vinculados ao contexto escolar, podem ao mesmo tempo, ser um instrumento de crescimento como também de dificuldades para a formação deste ser em desenvolvimento. (ALMEIDA e PIMENTA, 2002).
Muitas vezes, a escola pode detectar dificuldades no processo de desenvolvimento do adolescente, o que pode ocasionar prejuízos na socialização dos mesmos. A aprendizagem é afetada muitas vezes pela queda na atenção do aluno, no caso do ciberbullying a vítima dos abusos tende a faltar às aulas, o que pode causar prejuízo por longos períodos.


Segundo (ZAGURY, 2002, p.34):
(...) o que é natural ouvir é que o adolescente não quer saber de estudar, critica muito e não sabe o que quer. Na verdade, é normal essas mudanças em relação aos estudos já que para ele surgem nesta fase, novos interesses e aumento de críticas, não aceitando mais passivamente o que se vê de errado até mesmo no conteúdo que lhe é apresentado.
Daí o motivo de acontecer com muitos alunos, um decréscimo no interesse pelos estudos e na forma como se portam com relação a trabalhos, leituras, provas e às obrigações escolares do dia-a-dia.
Segundo (ZAGURY, 2002, p. 45) o professor de adolescente trabalha dobrado, tendo um desafio ainda maior: “(...) muitos não sabem lidar com o questionamento constante, com a rebeldia, a auto-afirmação, a insegurança e diversos dilemas, características próprias dessa fase”.
A conduta do professor em relação ao aluno será determinante para o auto-conceito do adolescente, pois os sentimentos que um aluno tem sobre si mesmo dependem, em grande parte, dos comportamentos que percebe que o professor mantém em relação a ele. (ALMEIDA e PIMENTA, 2002).

Mesmo tendo muita informação sobre o assunto, isso não facilita a tarefa do professor, podendo causar certo distanciamento com o aluno, afetando essa relação. A própria condição de trabalho do profissional não o motiva muitas vezes a desempenhar um serviço de qualidade. O desprestígio profissional e outros fatores contribuem para que a auto-estima do professor esteja em baixa, confirmado pela crescente evasão de profissionais na área.

Afinal, nossos filhos são a gerações da TV, do computador e dos joguinhos eletrônicos. Como tornar o ensino e a escola atraentes frente a tão poderosos competidores? E como fazê-lo justamente no momento em que os professores se encontram tão mal remunerados, desprestigiados, mais e mais despreparados e, conseqüentemente, bastante desmotivados? (ZAGURY, 2002, p.46).

O auto-conceito do professor, é outro fator que influencia indiretamente o conceito que o aluno faz de si mesmo. Os professores que possuem uma ampla e eficácia segurança de si mesmo e pouca ansiedade fazem com que os alunos desenvolvam sentimentos e percepções positivas tanto de si mesmos quanto dos outros alunos, como também êxito acadêmico. Estes fatores são de tamanha relevância que ultrapassam os “muros da escola” e passam a ser generalizados para todos os contextos de desenvolvimento do adolescente.
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) concluiu que o uso do computador à noite é feito pela maioria dos adolescentes, com impacto negativo sobre a qualidade do sono e o rendimento escolar. O trabalho teve base na pesquisa de mestrado de Gema Mesquita, orientado pelo professor Rubens Reimão, do Departamento de Saúde da Criança e do Adolescente da Escola de Ciências Médicas da Unicamp. Os resultados foram publicados no artigo: Uso noturno de computador por adolescentes – seu efeito na qualidade de sono, na edição de junho da revista Arquivos de Neuropsiquiatria. Segundo Reimão, o trabalho mostrou que os adolescentes estão de fato abusando do uso do computador à noite. Os usuários apresentam elementos de distúrbios do sono e têm mais dificuldade para adormecer e para acompanhar as tarefas escolares no dia seguinte.

Os ritmos biológicos de sono são determinados por fatores internos e externos. Mudanças de ritmos provocadas por alterações no ambiente externo podem desencadear distúrbios de sono, indisposição, modificações gastrointestinais, flutuações do humor, irritabilidade, tensão, confusão, ansiedade e redução do desempenho em tarefas que requerem atenção e concentração (REIMÃO, 2007).

É importante observar os fatores biológicos e emocionais, pois o que ocorre em nossa infância vai refletir em nossa vida adulta. A Criminologia tem buscado junto à Psicologia entender como esses fatores influenciam o ser humano em desenvolvimento, propiciando situações que o predisponham ao envolvimento futuro com crimes, em especial, os praticados com violência e/ou grave ameaça (CALHAU, 2009).
Esse modelo de comportamento do bullying não necessita ser reforçado. Elas passam a internalizar que tal conduta é “permitida”, mesmo sendo efetivamente desviante, e que tais ações de exploração do mais fraco, do diferente, do deficiente físico são válidas para o seu grupo (CALHAU, 2009, p.30).

Os seres humanos aprendem observando. Esta é a resposta simples que Bandura propôs. Intuitivamente, ela é óbvia. Contudo, a aprendizagem pela observação viola o pressuposto tradicional da teoria da aprendizagem – segundo o qual a aprendizagem só ocorre se existir reforço. Bandura afirmou que é possível distinguir entre aprendizagem e o desempenho. “A criança é como uma esponja, que vai sugando o que percebe, ouve, sente”. (CHALITA, op. cit, p.23, apud CALHAU 2009, p.30).
Dentre as diferentes e variadas conseqüências encontradas em estudos de casos e atendimentos clínicos, podemos mencionar que o estresse é responsável por cerca de 80% das doenças da atualidade, pelo rebaixamento da resistência imunológica e sintomas psicossomáticos diversificados, principalmente próximos ao horário de ir à escola (especialmente no caso de crianças menores), como dores de cabeça, tonturas, náuseas, ânsia e vômito, dor no estômago, diarréia, enurese, sudorese, febre, taquicardia, tensão, dores musculares, excesso de sono ou insônia, pesadelos, perdas ou aumento de apetite, dores generalizadas, dentre outras.

Podem surgir doenças de causas psicossomáticas, como gastrite, úlcera, colite, bulimia, anorexia, herpes, rinite, alergias, problemas respiratórios, obesidade e comprometimento de órgãos e sistemas (FANTE E PEDRA, 2008 apud CALHAU, 2009, p.13).
A busca pela socialização educacional de um filho começa com mudanças no comportamento familiar, através de ações voltadas para a melhoria do rendimento escolar.

A família pode ser considerada como um sistema onde cada membro tem suas ações e atitudes afetadas pelo outro. Para compor uma estrutura e garantir o bem-estar dos seus membros, a família terá de adaptar-se às novas circunstâncias, como nascimento de um filho, perda de emprego, ausência prolongada de um dos genitores, o que apresenta algumas transformações no cotidiano da família.
Falar da família como um sistema integrado, significa dizer que todas as reações psicológicas e comportamentais deste adolescente vão repercutir assim como são uma resposta do funcionamento de um sistema.

Quando se colocam em primeiro lugar as relações que ocorrem na família para explicar o seu impacto no desenvolvimento (...), fazem sentido as formulações com tendência a considerá-la em termos sistêmicos (...). Pode-se considerar a família como um sistema em que as ações e as atitudes de cada membro afetam os outros e vice-versa (...) para poder avançar e garantir o bem-estar dos seus membros, a família terá de adaptar-se às novas circunstâncias, transformando algumas das suas pautas sem deixar, por isso, de constituir-se como um referente para os seus componentes. (ALMEIDA e PIMENTA, 2002, p. 19).

Em se tratando de sistema familiar, a família deve ser concebida como um sistema social. Sendo este o primeiro sistema do qual o adolescente faz parte. A família é o primeiro sistema social no qual o ser humano é inserido quando de seu nascimento. O sistema familiar é um sistema aberto – quando saudável – e dinâmico. Ele muda com o passar do tempo: modificações no número de membros, por entrada e saída e processo de desenvolvimento, entrada ou término de etapas.
Cada membro do sistema passa por uma série de papéis de acordo com a idade, sexo e inter-relações, dentro e fora da família. Existe uma interdependência dos membros do sistema familiar de forma que cada papel desempenhado por eles altera e retroalimenta o sistema. (FARIAS, 2001, apud ALMEIDA e PIMENTA, 2002).
Como sistema, a família tem as funções psicossociais de proteger os seus membros e favorecer a sua adaptação à cultura à qual pertencem. Cataldo (1987) citado por Salvador ET al (1999), destaca quatro funções ou responsabilidades da família com as crianças e/ou adolescentes: A família deve oferecer cuidado e proteção aos filhos, garantido-lhes subsistência em condições dignas; as famílias devem contribuir para a socialização dos filhos em relação aos valores socialmente constituídos; as famílias deverão dar suporte à evolução das crianças e/ou adolescentes, controlá-las e ajudá-las no processo (...) de instrução progressiva em outros âmbitos e instituições sociais; uma outra função da família consiste na ajuda e no suporte que
proporcionam às crianças e/ou adolescente virem a ser pessoas emocionalmente equilibradas, capazes de estabelecer vínculos afetivos satisfatórios e respeitosos com outros e com a própria identidade. (ALMEIDA e PIMENTA, 2002, p. 20).
Todas passam por momentos de crises e dificuldades, principalmente quando se trata da educação e crescimento dos filhos, pois a grande maioria dos casais vive grande parte fora do seio da família, em seus trabalhos diários, além de estarem sujeitos a viverem acontecimentos como separações e divórcios, o que pode ser um grande causador de mudanças na estrutura da família (SALVADOR, 1999).

Apesar desses fatores ela exerce funções psicossociais que podem favorecer e proteger seus membros para que possa se adaptar a cultura na qual pertencem. É através do convívio familiar que as crianças e adolescentes recebem cuidados e proteção, garantindo-lhes meios de subsistências dignos, de socialização, suporte quanto à evolução, ajudar no processo de escolarização e de instrução progressiva em outros aspectos, a serem pessoas emocionalmente equilibradas, onde possam estabelecer vínculos afetivos respeitosos com os outros e consigo mesmo (SALVADOR, 1999).
Família e escola são concebidas como instituições distintas. Porém são interdependentes. Moreno & Cubero (1995), apud Almeida e Pimenta (2002), afirmam que a família e a escola apesar de contextos diferentes, são na verdade contextos interligados, e que embora exista em cada um deles características que lhe são próprias, a experiência em um deles pode servir de facilitador ou de obstáculo para a adaptação do outro.

Paralelamente, ao contexto familiar e escolar, deve-se considerar a importância do grupo no desenvolvimento do adolescente. Estes buscam no fenômeno grupal uma maneira de se expressarem, além de ser para eles um contexto de identificação. É natural nesta fase do desenvolvimento a busca dos iguais. O grupo passa a ter um papel significativo intra e interpessoal. (ALMEIDA e PIMENTA, 2002).
A interação cada vez maior do adolescente com a Internet pode trazer algumas modificações no convívio familiar, escolar e interpessoal. Quando essas modificações interferem trazendo prejuízos ao adolescente é necessário a ajuda do profissional da psicologia juntamente com a família para que os filhos possam superar os traumas causados (FAUSTINO E OLIVEIRA, 2008).

Aprender com as novas mídias será uma revolução se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais das relações individuais e coletivas. Os computadores em rede são um novo meio de comunicação que pode ajudar-nos a rever, ampliar e modificar muitas das formas atuais de pensar e de aprender. (MELLO, 2007).

PAPEL DA PSICOLOGIA

Recentes estudos desenvolvidos por Young (2007) e Abreu et al.(2008) apontam a dependência de Internet (DI) como um novo transtorno psiquiátrico do século XXI. A DI é o termo mais freqüentemente proposto para designar a inabilidade do indivíduo em controlar o uso da Internet, bem como o crescente envolvimento com as atividades virtuais, levando a um progressivo desconforto emocional e significativos prejuízos funcionais de jovens e adultos (BAROSSI, 2009).

Os pais ou responsáveis por adolescentes relatam com freqüência a influência do uso excessivo da Internet em seus filhos, bem como os déficits de comportamentos manifestados em suas rotinas, refletindo-se nas áreas familiar, escolar, social e na saúde física. Acrescentam-se dificuldades pela labilidade de humor, comportamento depressivo e reações emocionais impulsivas quando são restringidos no uso da rede mundial (BAROSSI, 2009, p.2).

Na tentativa de oferecer ajuda os pais e/ou responsáveis geralmente adotam recursos aversivos, visando à cessação imediata do comportamento abusivo. O adolescente, em contato com atividades e emoções prazerosas advindas da Internet e frente ao controle dos pais, foge e/ou esquiva-se, criando paulatinamente um ciclo desadaptativo de convivência familiar (BAROSSI, 2009). É preciso ficar atento quando uma pessoa passa a sofrer danos pessoais, principalmente emocionais, em virtude de sua relação com o chamado “mundo virtual”. Em primeiro lugar, o mundo virtual não foi criado por um computador. Ele pertence à dimensão humana, que reside em cada um de nós. Segundo a Psicanalista Sandra Walter, membro da Intersecção Psicanalista do Brasil (IPB), trata-se de examinar o que leva uma pessoa a construir uma relação excessiva com aquilo que denominamos mundo virtual. (SALES, 2010).

Essa suposta substituição do mundo real pelo virtual, que também poderíamos chamar de um excesso de imaginário pode se manifestar em outras experiências, como por exemplo, no uso excessivo de uma TV, de um rádio ou mesmo de um brinquedo no caso de crianças, enfim, qualquer conduta isolacionista, através da qual a pessoa se mantém aprisionada ao seu próprio imaginário (SALES, 2010, p. 19).

Alguns passam horas em frente ao computador, desligados da realidade, esquecendo, muitas vezes de necessidades básicas como comer e dormir. O problema tem causado preocupação entre psicólogos, psiquiatras e autores de livros. Eles identificaram diversos efeitos maléficos do hábito de “viver on-line” no mundo dos jogos e ressaltam que é preciso saber usar a rede para extrair o que ela tem de melhor, sem se deixar dominar pelo vício, uma dependência tão perigosa quanto a química. Pelo menos foi o que constataram psicólogos da Interdisciplinary Addiction Research Group, na Charité University Hospital Berlin, na Alemanha. Eles apresentaram resultados de um estudo que indica que os mecanismos de dependência dos jogos de computador no cérebro são semelhantes aos provocados pelo vício de drogas, como o álcool (SALES, 2010). De acordo com o psicólogo do hospital das clínicas Cristiano Nabuco, só se viciará quem tiver predisposição ou quem estiver vivendo momentos de problemas psicológicos e sociais, como angústia, baixa auto-estima, depressão, fobias sociais, solidão e isolamento (SÃO PAULO, 2010).

Criar um avatar (personagem dos jogos virtuais) é uma maneira de tentar contornar uma vida, às vezes, sem sentido. No jogo, eles conseguem dar vazão a algo que na vida real teriam medo ou se sentiriam impossibilitados (SÃO PAULO, 2010, p. 1).
A onda de acessos de um determinado jogo tende a mudar com o passar do tempo. Alguns pacientes encontram dificuldades em se relacionar e, por isso, transferiam suas dificuldades, transformando defeitos em qualidades no mundo virtual. Só que elas abriam mão da vida real. Com a popularização da Internet é cada vez mais comum encontrar casos em que as pessoas se isolam do mundo real para viver no virtual.

Atendi um adolescente que passou dois anos sem sair de casa para ficar na frente do computador. Ele havia parado de estudar por achar desnecessário e dedicava grande parte do tempo a jogos on-line. Se empenhava em obter o maior ranking nesses jogos e depois vendia o personagem pela internet por altos preços (SÃO PAULO, 2010, p. 1).
Outro caso foi o de um garoto que permaneceu 40 horas ininterruptas conectado à internet. Durante os longos períodos de jogo online, o usuário ignorava os imperativos básicos de seu corpo, como comer e beber. "Para não parar de jogar, ele fazia necessidades nas calças e depois jogava a roupa íntima suja pela janela", explica Cristiano Nabuco (SÃO PAULO, 2010).
É preciso ficar atento quando uma pessoa passa a sofrer danos pessoais, principalmente emocionais em virtude de sua relação com o chamado mundo virtual (SALES, 2010).

Quando uma pessoa produz sucessivos prejuízos ou danos de qualquer tipo por causa da sua relação com o computador, ela está necessariamente adoecida do ponto de vista emocional. No caso das crianças e adolescentes, que ainda estão se estruturando psiquicamente, essa repercussão é muito mais grave (SALES, 2010, p. 19).
O que vai orientar nesse diagnóstico de vício é a observação sobre os prejuízos que estão surgindo a partir da conduta de cada pessoa especificamente. Embora tenhamos alguns parâmetros que nos orienta, cada caso deve ser visto de maneira particular.
A Internet é a representação ampliada, praticamente ilimitada dessa rede de ligações que nos conduz em nossas relações. A sensação de infinito que ela oferece é tão atraente quanto assustadora que nossas articulações simbólicas nos permitem a flexibilidade de refazer caminhos, rever escolhas e, portanto, adoecer um pouco menos.

Os pais têm papel importante na hora de ajudar o filho a organizar o tempo de estudo e o tempo de usar o computador. Impor limites é uma solução que pode evitar que ele passe o dia na internet.
No caso de crianças e adolescentes, a orientação, a informação e os “acordos” entre pais e filhos, são sempre o caminho mais bem sucedido. Os pais não devem ter medo de intervir, determinando regras e supervisionando tudo aquilo que considerem um perigo a seus filhos, principalmente quando forem crianças pequenas. “Por outro lado, não se pode esperar que filhos não cuidados, abandonados em seu dia a dia e afetivamente distantes de seus pais, venham a ser capazes de cumprir normas”.
Aqueles que se estruturam com muitas falhas em seu funcionamento mental estarão mais vulneráveis, serão mais frágeis e, por isso, serão vítimas mais prováveis de muitos males, dentre eles os vícios de todos os tipos (SALES, 2010, p. 20).

A fuga da realidade, o enclausuramento e o escapismo da realidade, quando o jovem adolescente apresenta principalmente quando faz uso contínuo dos jogos on-line, são aspectos importantes a serem abordados pelo profissional da psicologia. Um indivíduo que tem dificuldades para interagir com as pessoas e com o ambiente real, que o circunda, dando a possibilidade de se tornar antissocial também devem ser avaliados (SANTOS, 2009).
Comportamentos agressivos e violentos das crianças e dos adolescentes podem surgir em função dos jogos violentos ou não, comportamentos desse tipo dependem de uma teia complexa de relacionamentos, que passam por relações familiares, sociais e de pequenos atos de violência que permeiam o dia-a-dia das crianças, sendo assim, apenas a simples proibição por parte dos cuidadores, desacompanhada de medidas educativas e de outras opções de lazer tão atrativas quanto os jogos, podem servir apenas como paliativos (SANTOS, 2009, p. 2).

A violência depende muito mais do enredo psicológico da própria criança do que de sua exposição aos jogos. Para a maioria dos psicólogos, a relação entre pais e filhos é fundamental para que as crianças aprendam a administrar bem o uso dos jogos. Segundo esses profissionais, é preciso, antes de tudo, recuperar alguns espaços de sociabilidade da família. O psicólogo pode orientar aos pais fiquem mais atentos não só aos jogos de violência, mas a tudo o que diz respeito aos seus filhos. (SANTOS, 2009, p. 3).
A psicóloga Silveira, diz que os pais devem ter “uma atitude amorosa, não crítica, não apenas proibitiva, para não suscitar a cultura do escondido", além de mostrar a criança que é preciso deixá-la experimentar o belo, porque a experiência de beleza dá um sentido para a vida. “Se a criança tiver um sentido para a vida, desenvolve a esperança apesar de todo o contexto violento no qual ela vive”, completa a psicóloga (SANTOS, 2009).

A aprendizagem também é afetada, pois há uma queda na atenção da criança e no exemplo do ciberbullying, quando ele tem sua origem na escola, a vítima tende a faltar às aulas, além de ter a saúde emocional igualmente impactada, o que se manifesta por diversos sintomas, tais como: ansiedade, tristeza (podendo chegar à depressão), estresse, medo, apatia, angústia, raiva reprimida. Faz-se a necessidade do psicólogo na intervenção e tratamento dos elementos citados (FAUSTINO E OLIVEIRA, 2008).
O psicólogo pode atuar nos diversos casos apresentados através da reflexão e tomada de consciência do adolescente sobre a problemática do que é real e do que é virtual em uma rede mundial de informações. Porque percebemos que uma separação entre o mundo real e o virtual não é mais possível.
Quando ocorre uma agressão no meio virtual, ela é na verdade, uma ofensa real; porque partiu do mundo real, mas usou a internet como um espaço intermediário para executar a agressão. Muitas vezes os prejuízos são causados nas interações sociais. Uma forma é quando as vítimas tendem a se isolar como forma de se proteger de novos ataques (FAUSTINO E OLIVEIRA, 2008). As escolas também necessitam de apoio para as tentativas de minimização do problema. Nenhuma escola pode ignorar tal ocorrência, comumente perceptível em seus domínios. A conseqüência do mau uso da Internet afetará de algum modo esses adolescentes, alterando seu comportamento, refletindo no baixo rendimento escolar ou em comportamentos violentos (BAROSSI, 2009).

Os professores não conseguem detectar os problemas, e muitas vezes, também demonstram desgaste emocional com o resultado das várias situações próprias do seu dia sobrecarregado de trabalhos e dos conflitos em seu ambiente profissional. Muitas vezes, devido a isso, alguns professores contribuem com o agravamento do quadro, rotulando com apelidos pejorativos ou reagindo de forma agressiva ao comportamento indisciplinado de alguns alunos (FERREIRA, 2010, p. 1).

É fundamental que a comunidade escolar esteja consciente da sua existência, e das conseqüências advindas deste tipo de comportamento, e diante disso, o psicólogo que deseja trabalhar nesta realidade deverá compreender estas mudanças e alterar suas estratégias de intervenção.
Para se pensar nas formas de intervenção do psicólogo, neste contexto, é imprescindível que se tome como posição e papel profissional a idéia de que os homens não são puros espectadores da história, mas seus atores (Freire, 2000), de que mudar esta realidade é difícil, mas possível. Este papel profissional deve ter como característica principal o impacto na realidade. De que adianta o trabalho do psicólogo se não produz nenhuma conseqüência sobre indivíduos, sobre a escola e a comunidade? (DEL PRETTE, 2003, p.33).

O principal papel do psicólogo é o da conscientização – um processo de transformação pessoal e social. Este processo, no contexto da escola tem seus grandes desafios. Trabalhar a criança, sua família e seu contexto de aprendizagem em uma perspectiva da conscientização surge como proposta de intervenção que deve ser desenvolvida, sobretudo neste momento em que a prática profissional tem tido um sentido contrário – o que acontece com a criança na escola é entendido e “tratado” como um problema apenas da criança e de sua família (DEL PRETTE, 2003). A intervenção deve iniciar-se pela capacitação de profissionais da educação, para que saibam identificar e conhecer as estratégias e prevenções disponíveis atualmente.

Segundo este paradigma de atuação profissional, espera-se que o profissional de psicologia esteja mais preocupado com a prevenção e a promoção da saúde e do bem-estar subjetivo, envolvendo-se em atividades que permitam aos estudantes obterem sucesso em suas atividades de vida, diminuindo o curso da violência, do fracasso escolar...dentre outros comportamentos considerados de risco ao desenvolvimento saudável (DEL PRETTE, 2003, p.39).
No exemplo do bullying algumas medidas podem ser adotadas com o objetivo do trabalho preventivo, fazendo com que o assunto seja bastante divulgado e assimilado pelos alunos.

O psicólogo deve transmitir à escola que é importante que ensinem os seus alunos a lidarem com suas emoções, dar espaço nas aulas, para a expressão do afeto, para que não se envolvam em comportamentos violentos, transformando-os em agentes disseminadores de uma cultura de paz que se estenda aos seus demais contextos de vida. Deve também desenvolver ações integradas, envolvendo a família, a escola com todos os seus integrantes, todos os segmentos sociais, e as instituições sociais, no sentido de encaminhar soluções de combate a todo tipo de violência (FERREIRA, 2010).

Espera-se ainda que o psicólogo compreenda a importância de seu trabalho sempre integrado com outros setores que interferem no desenvolvimento da criança, sobretudo com a família, a escola e a comunidade (DEL PRETTE, 2003).
Existe tratamento quando a dependência é diagnosticada.
O tratamento depende da gravidade, como em qualquer outro tipo de vicio, mas sem dúvida será sempre baseado em um acompanhamento psicológico, inclusive porque não vejo como tratar do sintoma isoladamente. O tratamento é para a pessoa, no sentido de que ela se torne mais capaz de cuidar de si mesma, de dar conta de seus limites internos e, portanto, de se conduzir na vida da melhor forma possível (SALES, 2010, p. 20).

No Brasil, o tratamento de adolescentes dependentes de Internet fica a cargo do Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo. Em 2006 e 2007, o hospital já havia aberto inscrições para o tratamento do mesmo problema em adultos. Desta vez, o foco são os adolescentes entre 12 e 17 anos (SALES, 2010). O Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (AMITI), vinculado ao Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq/HC-FMUSP), presta atendimento psiquiátrico e psicoterapêutico aos pacientes com DI (adultos, adolescentes e seus familiares) desde meados de 2007. Mediante avaliação inicial, os adolescentes são encaminhados para o atendimento psicoterápico em grupo ou individual.

Frente às queixas apresentadas nos primeiros contatos com os pais e adolescentes, elaborou-se o Programa de Orientação a Pais de Adolescentes Dependentes de Internet (PROPADI) com o intuito de favorecer a adesão dos pais ao tratamento dos adolescentes e desenvolver ações alternativas para lidar com os conflitos de modo a alcançar uma comunicação mais funcional entre pais e filhos (BAROSSI, 2009, p. 2).
O processo desenvolvido pelo PROPADI contribui para o desenvolvimento da relação mais empática entre pais e filhos, ampliando as possibilidades de resolução conjunta dos problemas associados ao uso excessivo da Internet por parte dos adolescentes.
Para tanto, o psicólogo deve estar inteiramente comprometido com sua prática terapêutica e concomitantemente possuir: criatividade para elaborar os projetos; flexibilidade para ouvir as duas faces da moeda; sensibilidade para deixar nascer o desejo pela mudança; ousadia para querer modificar; altruísmo para mobilizar esse desejo nos outros; idealismo para nunca deixar de sonhar; amizade para conquistar a confiança de todos; amor para alimentá-lo nessa lida e, coragem para enfrentar os desafios e conquistar a vitória (FERREIRA, 2010).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa se propunha a analisar a relação dos adolescentes com a Internet, considerando os impactos causados na escola, família e suas demais interações afetadas por essa relação. O interesse de estudarmos sobre o tema deu-se início com as nossas relações direta/indireta com o público alvo da pesquisa e por percebermos o quanto a tecnologia vem revolucionando seus comportamentos, modos de pensar, agir e de se relacionar com o mundo.

O problema desta pesquisa visou perceber como se dá a influência da Internet em suas vidas e ficou esclarecido, uma vez que identificamos várias características em comum dos adolescentes afetados por essa relação vivenciada de forma exacerbada. Sem dúvidas, o uso das tecnologias é uma realidade da qual não podemos fugir, porém não podemos desconsiderar que seu uso excessivo pode trazer grandes prejuízos, principalmente para a formação desses adolescentes.
Os capítulos apresentaram o conceito de Internet, a definição de adolescência e seu relacionamento com a Internet, onde apresentamos as formas de interação desse adolescente com o mundo virtual. Entre eles salas de Bate-papo, Jogos On-Line, MSN, Orkut entre outros. Com a freqüência cada vez maior desses acessos, podemos perceber a vulnerabilidade desses jovens e um alto índice de ocorrência do ciberbullying no ciberespaço.
O adolescente moderno convive num novo espaço virtual no qual ele é capaz de interagir e sofrer interação. Esta por sua vez, no caso do ciberbullying, pode trazer conseqüências que afetarão diretamente suas relações de importância.

Os computadores em rede são um novo meio de comunicação que pode ajudar-nos a rever, ampliar e modificar muitas das formas atuais de pensar e de aprender. O adolescente que naturalmente já está sofrendo transformações, numa fase de dar significado a sua própria experiência, muitas vezes se beneficia da proteção oferecida pelo anonimato e se permite experimentar papéis, realização de fantasias e atraindo cada vez mais os adolescentes à procura de encontros virtuais. Paralelamente, ao contexto familiar e escolar, deve-se considerar a importância do grupo no desenvolvimento do adolescente. O grupo familiar percebe as mudanças que ocorrem nas relações escolares, sendo assim, é necessário que a família participe dessa “realidade virtual”, procurando saber quais os sites preferidos pelos filhos e, caso os assuntos não sejam saudáveis, é importante o diálogo entre os pais e os filhos, para que eles compreendam que assim como nas ruas, a Internet oferece inúmeros perigos aparentemente inofensivos. Os pais, procurando ter uma atitude menos crítica, podem auxiliar no uso da Internet, tornando-se um aliado. Percebemos a importância da família e escola em notar quando o adolescente passa a sofrer conseqüências, principalmente emocionais, em virtude de sua relação com a Internet, e quando isso ocorre, a participação do profissional da psicologia é de suma importância para o bem estar físico, social e emocional deste indivíduo. Notamos que o principal papel deste profissional é o da conscientização, sugerindo um processo de transformação pessoal e social. A intervenção deve iniciar-se pela capacitação de profissionais da educação, para que saibam identificar e conhecer as estratégias e prevenções disponíveis atualmente. Espera-se ainda que o psicólogo compreenda a importância de seu trabalho sempre integrado com outros setores que interferem no desenvolvimento da criança, sobretudo com a família, a escola e a comunidade. Com isso, o psicólogo deve transmitir à escola que é importante que ensinem os seus alunos a lidarem com suas emoções, dar espaço nas aulas, para a expressão do afeto, para que não se envolvam em comportamentos violentos, transformando-os em agentes disseminadores de uma cultura de paz que se estenda aos seus demais contextos de vida.

As ações integradas, envolvendo a família, a escola com todos os seus integrantes, todos os segmentos sociais, e as instituições sociais, são desenvolvidas no sentido de encaminhar soluções de combate a todo tipo de violência e o que vai orientar nesse diagnóstico de vício é a observação sobre os prejuízos que estão surgindo a partir da conduta de cada pessoa especificamente, seja na escola ou no contexto familiar, entre outros espaços de socialização do adolescente.

Quando o adolescente passa a sofrer danos pessoais, principalmente emocionais, em virtude de sua relação com o chamado mundo virtual, a família deve permanecer atenta e procurar a ajuda necessária. E no caso das crianças e adolescentes, que ainda estão se estruturando psiquicamente, essa repercussão é muito mais grave e necessita de atenções especiais.
Para os DI, assim como qualquer outro tipo de vício, existe tratamento quando a dependência é diagnosticada e depende da sua gravidade. Existe no Brasil, o Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (Hospital das Clínicas) que orienta neste processo de tratamento do adolescente dependente da internet e um programa específico para auxiliar os pais e filhos neste processo. O PROPADI surge neste contexto para contribuir no desenvolvimento da relação mais empática entre pais e filhos, ampliando as possibilidades de resolução conjunta dos problemas associados ao uso excessivo da Internet por parte dos adolescentes.

Com isso, o psicólogo atua neste contexto, compreendendo estas mudanças e criando estratégias de intervenção. O principal papel deste profissional envolve um processo de transformação pessoal e social, realizando um trabalho integrado com a escola, família e todos os envolvidos neste contexto. Este trabalho é contínuo e visa sempre o bem estar emocional do adolescente cooperando para o seu desenvolvimento em todos os sentidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Leyla do Perpétuo Tavares; PIMENTA, Márcia Regina Valente. As dificuldades que permeiam o desenvolvimento biopsicossocial do Adolescente usuário de Internet: um estudo de suas relações. 2002. 57 f. Trabalho de graduação apresentado ao curso de Psicologia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Belém, 2002.

BAROSSI, Odinéia et al. Programa de Orientação a pais de adolescentes dependentes de Internet (PROPADI). Revista Brasileira de psiquiatria, São Paulo, 2009, n. 4, dez 2009, p. 1-4.

CALHAU, Lélio Braga. Bullying: o que você precisa saber: identificação, prevenção e repressão. Niterói: Impetus, 2009. p. 6,7,8,11,31,32,39-42.

DEL PRETTE, Zilda A. P. (Org.). Psicologia escolar e educacional, saúde e qualidade de vida: explorando fronteiras. 2. ed. Campinas: Alínea, 2003. p. 33-34, 39.

DEPS, Vera Lúcia; SOUZA, Luciene Pinheiro. A linguagem nas salas de bate-papo nas produções de texto. In: IX CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA, 10, 2005, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: Círculo Fluminense de estudos filológicos e lingüísticos, 2005. p. 1, 2, 8.

DIAS, Ana Cristina Garcia; LA TAILLE, Yves de. O uso das salas de bate-papo na internet: um estudo exploratório acerca das motivações, hábitos e atitudes dos adolescentes. Interação em Psicologia, São Paulo, 2006. p. 3, 5, 13.

FAUSTINO, Raquel; OLIVEIRA, Tamires Morete. O Ciberbullying no Orkut: A agressão pela Linguagem. Língua, Literatura e Ensino, n.3, mai. 2008. p. 183-194.

FERREIRA, T.L. Bullying na escola: A intervenção do Psicólogo Escolar. Disponível em: Acesso em: 12 mai. 2010.

KUROSE, James F.; ROSS, Keith W. Redes de computadores e a Internet: uma abordagem top-down. 3 ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2006. p. 4,7,68,84.

MELLO, Horácio Dutra. Representação e uso da Internet por adolescentes de Florianópolis. 2007. 169 f. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Educação da UFSC. Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007.
OUTEIRAL, José O. Adolescer: estudos sobre adolescência. Rio de Janeiro: Revinter, 2008. p. 3,4,31,36,99-118.
REIMÃO, Rubens. Conexões Noturnas. Disponível em:
<>
Acesso em: 08 abr. 2010.

SANTOS, V.A. Brincando de ser violento. Disponível em: Acesso em: 24 mai. 2009.

SÃO PAULO. Psicólogo do HC alerta para o perigo dos jogos sociais. Disponível em: Acesso em: 24 mai. 2010.
SALES, Dênia. Quando o lazer se torna um vício. Atualidades Hebron, 2010, n. 45, mai. 2010. p. 18-20.
SALVADOR, César Coll. et al. As práticas educativas familiares. In:__Psicologia da Educação. Porto Alegre: artmed,1999. p.158-159; 186.

WAKSMAN, Renata Dejtiar; HIRSCHHEIMER, Mário Roberto (Org.). Combate à violência contra crianças e adolescentes, [2006].

WIKIPEDIA,(a). Internet. Disponível em: Acesso em: 24 mai. 2009.

-----------------, (b). File Transfer Protocol. Disponível em: Acesso em: 24 mai. 2009.

-----------------, (c). Jogos on-line. Disponível em: Acesso em: 24 mai. 2009.

ZAGURY, Tânia. O adolescente por ele mesmo: orientação para pais e educadores. 13ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2002. p. 23-30, 33-35, 45-47.

Comentários